A desigualdade racial é uma pandemia que não cessa. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 56% da população é composta por brasileiros pretos e pardos. Em tese, isso deveria representar ascensão a postos importantes de trabalho, ampliação da representatividade na política, na sociedade e economia, em geral.
Mas o Brasil que conhecemos é outro, números oficiais apontam que pessoas pretas são as que mais ocupam os postos de trabalho mais precários. Sendo 85,9% deles os responsáveis pelo serviço braçal na agricultura, 64,7% são trabalhadores domésticos e na construção civil representam 63,9%. Na lista das principais carreiras profissionais do país, o número de pretos é considerado abaixo do ideal.
Dentro dessa conjuntura desproporcional, é importante recuperar a trajetória de desenvolvimento do Brasil. A colonização europeia e a mão de obra escrava trazida da África, mostram, desde os primórdios, que no Brasil a população branca sempre teve larga vantagem no que diz respeito ao acesso a direitos, serviços e aos rendimentos do trabalho. Enquanto a população negra sempre esteve a margem dos padrões sociais, estéticos, de saúde e de consumo tanto individualmente, como de forma coletiva.
Trazendo para os dias atuais, para esse momento que ainda lutamos contra a pandemia e seus efeitos devastadores, entendemos que as desigualdades raciais ainda estão longe de acabar. Que precisamos efetivar políticas públicas que tenha reflexo na luta contra essa condição que coloca negros e pardos distantes das melhores classes sociais.
Os efeitos da pandemia só escancararam ainda mais a vulnerabilidade da nossa construção social, aprofundam e produziram novas formas de desigualdades social e racial. Ao invés de proteger os trabalhadores durante a pandemia, as prioridades do atual governo em nada ajudaram as classes menos favorecidas.
EQUIDADE RACIAL
O Brasil é um país que apresenta grande diversidade étnica e cultural. Entretanto, essa mesma diversidade não tem representatividade significativa em lugares como a política.
Embora nas eleições de 2020 tenha-se tido uma maior proporção de candidatos negros já registrados pelo Tribunal Superior Eleitoral, TSE, o número segue aquém do ideal. A falta de equilíbrio entre as partes passou a ser coletada pelo TSE a partir de 2014.
Ainda há muito o que fazer para atingir a equidade de raças e etnias. Mesmo que os partidos apresentem um número considerável de candidatos pretos e pardos, estes, em sua maioria, não conseguem viabilizar financeiramente suas campanhas, muitos sequer contam com o apoio de seus partidos.
Eleito pelo Solidariedade de São Paulo, o vereador negro Sidney Cruz, nos conta: “A política tenta disfarçar o racismo existente, mas, nem sempre é possível. Já sofri muito preconceito durante minha vida, foi difícil. Infelizmente o racismo estrutural faz parte da nossa sociedade. Além de negro, sou filho de nordestinos e fui criado na periferia de São Paulo. Até me tornar advogado e vereador, sofri na pele todos os preconceitos que assolam a população negra e nordestina do país”.
VIOLÊNCIA
De acordo com dados do Atlas da Violência, em 2017, 75,5% das pessoas assassinadas no país eram pretas ou pardas e assustadoramente, as chances de um jovem negro ser vítima de homicídio no Brasil são 2,5 vezes maiores do que a de um jovem branco. Também são os negros os que mais morrem em decorrência de ações de agentes de segurança do Estado.
Já no Sistema Carcerário, os pardos ou pretos são a maioria entre as pessoas presas no Brasil.
INCLUSÃO
A Secretaria Nacional da Mulher do Solidariedade trabalha para transforar essa realidade. “A sociedade brasileira dá passos importantes no reconhecimento da diversidade na política, mas ainda precisamos combater a negação da cidadania integral para a população negra. Inclusão não é favor, é obrigação. Por isso, apoiamos e incentivamos alternativas de crescimento para as mulheres negras em todo o país”, finaliza Loreny Caetano, secretária nacional da Mulher pelo Solidariedade.